Perturbações do Neurodesenvolvimento

Perturbações do Neurodesenvolvimento dizem respeito a condições que afetam o desenvolvimento do cérebro, interferindo em áreas como a atenção, a linguagem, o comportamento, as aprendizagens ou as interações sociais. Estas manifestações surgem, geralmente, na infância e podem acompanhar a pessoa ao longo da vida, com diferentes graus de impacto.

O acompanhamento psicológico tem como objetivo compreender o funcionamento da criança ou jovem, promover o desenvolvimento de competências adaptativas e apoiar a família e a escola na construção de estratégias mais eficazes e ajustadas.

Exemplos de perturbações do neurodesenvolvimento:
  • Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA)

  • Perturbações do Espetro do Autismo (PEA)

  • Perturbações Específicas da Aprendizagem (dislexia, disortografia, discalculia)

  • Perturbação da Coordenação do Desenvolvimento

  • Perturbações da Comunicação

  • Deficiência Intelectual (nível leve ou moderado)

Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA)

A PHDA caracteriza-se por dificuldades na atenção, impulsividade e, em alguns casos, hiperatividade motora. A criança ou jovem pode ter dificuldade em concentrar-se, manter o foco em tarefas, controlar os impulsos ou estar parada durante muito tempo.
Estes comportamentos não são resultado de “falta de educação” ou desinteresse — refletem um funcionamento neurobiológico diferente.
A intervenção ajuda a desenvolver estratégias de autorregulação, organização, gestão emocional e foco atencional, envolvendo também a família e a escola.

Perturbações do Espetro do Autismo (PEA)

As PEA são condições que afetam a forma como a pessoa comunica, se relaciona com os outros e interpreta o mundo. Podem manifestar-se por dificuldades na comunicação verbal e não verbal, padrões de comportamento repetitivos ou interesses muito restritos.
Cada pessoa é única — o espetro é amplo e as manifestações podem variar muito.
O acompanhamento psicológico visa reforçar competências sociais, emocionais e funcionais, promovendo a inclusão e o bem-estar da criança/jovem e da família.

Perturbações Específicas da Aprendizagem

Estas perturbações afetam o desenvolvimento de competências escolares fundamentais, como a leitura, a escrita e o cálculo.

  • A dislexia interfere com a leitura correta e fluente;

  • A disortografia afeta a escrita e a ortografia;

  • A discalculia compromete a compreensão dos números e das operações matemáticas.
    Estes desafios não estão relacionados com o nível de inteligência, mas exigem avaliação especializada e estratégias específicas de intervenção para que a criança aprenda a seu ritmo e com sucesso.

Deficiência Intelectual (nível leve ou moderado)

A deficiência intelectual implica um funcionamento cognitivo abaixo da média, associado a dificuldades na autonomia, aprendizagem e adaptação às exigências do dia a dia.
O diagnóstico é feito com base em avaliação cuidada e deve sempre considerar o potencial da criança, os seus pontos fortes e os contextos em que vive.
A intervenção psicológica apoia o desenvolvimento das competências adaptativas, emocionais e sociais, promovendo a inclusão e a qualidade de vida da criança e da sua família.

Perturbações da Comunicação

Estas perturbações afetam a capacidade de expressar ou compreender linguagem verbal e não verbal.
Podem envolver atraso na aquisição da linguagem, vocabulário limitado, dificuldade em construir frases ou compreender instruções.
O impacto pode estender-se à aprendizagem e à socialização.
A intervenção psicológica (frequentemente em articulação com terapia da fala) ajuda a reforçar a comunicação funcional, a autoestima e as relações interpessoais.

Perturbação da Coordenação do Desenvolvimento

Manifesta-se por dificuldades nas competências motoras, como correr, saltar, usar utensílios ou escrever à mão.
A criança pode parecer desajeitada ou ter dificuldade em tarefas que exijam coordenação olho mão ou movimentos mais finos.
Estas dificuldades podem afetar também a autoestima e a participação em atividades com os pares.
A intervenção visa estimular a motricidade, reforçar a autonomia e apoiar o bem-estar emocional da criança.